20 de janeiro de 2023, marca os cinquenta anos do assassinato do fundador das nacionalidades guineense e cabo-verdiana, Amílcar Cabral. O PAIGC, através do seu presidente Domingos Simões Pereira, presta homenagem e deposita coroa de flores no Mausoléu Amilcar Cabral, acompanhado pela filha do malogrado Ndira Cabral.
“É duro estar aqui. É muita dor e muito sofrimento”, desabafou Indira Cabral diante do mausoléu do pai, Amílcar Cabral.
A filha mais nova do líder da libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, lembrou hoje o pai como um “visionário”, um “ser excecional”, quando se assinalam 50 anos da sua morte.
Ndira Cabral deslocou-se ao mausoléu de Amílcar Cabral, situado na Fortaleza da Amura, em Bissau, juntamente com o líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, para assinalar os 50 anos do assassínio do seu pai, em 20 de janeiro de 1973, em Conacri, o que considerou uma data “muito simbólica”.
“É duro estar aqui, porque sempre que venho acho que estou preparada, mas nunca consigo estar preparada, é muita dor e muito sofrimento e é muito importante para mim”, afirmou aos jornalistas Ndira Cabral, que tinha três anos de idade quando o seu pai foi morto.
Questionada sobre se Amílcar Cabral e os seus ideais foram esquecidos, disse que foram apenas “pelas pessoas que não se sentem africanas, nem guineenses”.
“Mas tenho fé e vejo que os verdadeiros guineenses não esqueceram a memória dele”, salientou.
Ndira Cabral contou também que só teve a perceção que o pai morreu já com seis anos quando transladaram o corpo para Bissau.
“Antes não senti nada, porque como ele viajava muito em missão por causa da luta, lembro-me que me perguntavam pelo meu pai para tentar perceber como eu estava e eu dizia que viajou, foi para a União Soviética, mas quando trouxeram o corpo foi aí que eu senti e percebi que o meu pai tinha morrido”, contou aos jornalistas.
Filha lembra Amílcar Cabral como “visionário”
Lembrando o pai como “um visionário, um ser excecional”, Ndira Cabral disse não ter palavras para o descrever.
“Às vezes vejo e penso como foi possível idealizar, tudo o que idealizou e fazer o que fez, com estas mesmas pessoas, que hoje parece que é um outro povo, não parece que é o mesmo povo”, lamentou.
Aos jovens guineenses e cabo-verdianos, pediu para que “continuem a tentar saber como era Cabral, a tentar seguir os princípios dele, os valores”.
“Assim uma pessoa fica com fé e com esperança de que a Guiné-Bissau e Cabo Verde ainda cheguem ao sonho que ele sempre quis”, disse.
Departamento de Comunicação do PAIGC / adaptado LUSA