O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde, também conhecido pela sigla PAIGC, foi o movimento que organizou a luta pela independência dos povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, quando ainda colónias de Portugal.
Desde a pós-independência até os dias de hoje o PAIGC continua a ser o maior partido político da Guiné-Bissau.
A 19 de Setembro de 1956, Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes e Elisée Turpin criam o Partido Africano da Independência/União dos Povos da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), defendendo a independência de Cabo Verde e Guiné de Portugal.
O PAIGC era originalmente um movimento pacífico, e sua primeira estratégia foi pedir a retirada pacifica das tropas portuguesas da colónia de Guiné. Como esta via pacífica falhou, visto que Portugal negou ceder aos apelos do grupo nacionalista, o PAIGC passou a utilizar medidas mais violentas para conseguir independência. A luta armada contra a ocupação portuguesa começou em março de 1962.
Em janeiro de 1963, Cabral declarou guerra contra Portugal. Em 23 de janeiro, a fortaleza portuguesa de Tite foi atacada com artilharia pesada de guerrilheiros do PAIGC. Frequentes ataques no norte do país também ocorreram. No mesmo mês, os ataques contra as estações policiais em Fulacunda e Buba foram realizados não só pelo PAIGC, mas também pela FLING. No contexto da Guerra Fria, os guerrilheiros do PAIGC receberam armamentos da União Soviética, de Cuba e da China. Os guerrilheiros também foram treinados nesses países. Isto acabou redundando na postura ideológica do partido, que cada vez mais estava envolvido e buscava apoio do bloco comunista.
O primeiro congresso do partido ocorreu na região libertada de Cassacá, em fevereiro de 1964, em que ambos os braços, político e militar, do PAIGC foram reorganizados com um exército regular, as Forças Armadas Revolucionárias do Povo (FARP), para complementar as forças guerrilheiras.
Em 1966, Amílcar Cabral participou da Conferencia Tricontinental Enero em Havana, onde iniciou conversações com Fidel Castro. Como resultado disto, Cuba concordou em fornecer mais armas, além de médicos, especialistas e técnicos para auxiliar na luta pela independência.
Amílcar Cabral, Domingos Ramos, Pedro Pires e Vasco Cabral, foram os delegados do PAIGC à Conferência Tricontinental, em Havana, onde foi criada a Organização de Solidariedade dos Povos Afro-Asiáticos e da América Latina (OSPAAL).
Em 1967, o PAIGC tinha realizado 147 ataques a quartéis e acampamentos do Exército Português, e efetivamente controlado 2/3 da Guiné Portuguesa. No ano seguinte, Portugal iniciou uma nova campanha contra os guerrilheiros, com a chegada do novo governador da colónia, António de Spínola. Spínola começou uma campanha de construção maciça de escolas, hospitais, novas unidades habitacionais, melhoria das telecomunicações e de um sistema de estradas, numa tentativa de ganhar favor público na Guiné.
Após a queda do Estado Novo e mesmo com o assassinato do principal líder do PAIGC, Amílcar Cabral, em janeiro de 1973, a independência da Guiné viria a ser declarada unilateralmente em 24 de setembro de 1973.
João Bernardo Vieira (Nino Vieira) proclama a independência na I Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau na região libertada de Madina de Boé.
A I Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, presidida por Luís Cabral, aprova a Constituição da República e elege o Conselho de Estado.
A resolução 93-7 da Assembleia Geral da ONU reconheceu a independência sem precedentes da Guiné e Cabo Verde.
Depois de alcançar a independência, o PAIGC foi instituído como o único partido político legal da Guiné-Bissau e Cabo Verde. Luís Cabral tornou-se o presidente do país. O PAIGC lutou para preservar a união entre Guiné-Bissau e Cabo Verde, mas em 1980 a cisão entre os dois países ocorreu após o golpe militar.
O ramo cabo-verdiano do PAIGC converteu-se num novo partido, o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
Nino Vieira foi reeleito como secretário-geral do PAIGC no quarto congresso do partido em novembro de 1986. Após a introdução do multipartidarismo em 1991, as primeiras eleições multipartidárias tiveram lugar em 1994. Vieira venceu a eleição presidencial de 1994 e o PAIGC ganhou as legislativas com 62 dos 100 assentos parlamentares, e teve 46% dos votos na eleição.
Em maio de 1998, no sexto congresso da PAIGC, Vieira foi reeleito para mais um mandato de quatro anos como presidente do PAIGC, com 438 votos a favor, oito contra e quatro abstenções.
A Guerra Civil de Guiné-Bissau e o golpe de Estado levou à expulsão de Vieira do PAIGC em maio de 1999. Francisco Benante, o líder dos reformistas dentro do partido e o único civil na junta militar de transição, foi eleito como o presidente do PAIGC.
O PAIGC ganhou o terceiro maior número de assentos na eleição parlamentar de novembro 1999, e seu candidato presidencial, Malam Bacai Sanhá, foi derrotado.
Nos eleições legislativas de 2004, realizada em 28 e 30 de março de 2004, o PAIGC saiu como maior partido político do país, conquistando 31,45% dos votos e 45 dos 100 assentos no parlamento. Formou um governo em maio de 2004, tendo como líder do partido Carlos Gomes Júnior, tornando-se primeiro-ministro.
Em março de 2007, o PAIGC formou uma aliança tripartida com o PRS e o Partido Unido Social Democrático, e os três partidos tentaram formar um novo governo. Isto levou a um bem-sucedida estratégia, que culminou numa moção de censura contra Aristides Gomes. Sua demissão ocorreu no fim do mês, abrindo espaço para a indicação, pelos três partidos, de um novo primeiro-ministro, Martinho Ndafa Kabi.
O sétimo Congresso Ordinário do PAIGC, realizado em Gabu, começou em 26 de junho de 2008; 1050 delegados participaram. Na disputa pela liderança do partido, Gomes Junior foi reeleito para um mandato de cinco anos como Presidente do PAIGC, recebendo 578 votos contra 355 de Malam Bacai Sanhá.
Em fevereiro de 2014, realizou-se o VIII Congresso Ordinário do partido, na cidade histórica de Cacheu sob o lema “Inspirados em Cabral - Unir e fortalecer o PAIGC rumo ao desenvolvimento”. Participaram 1169 delegados, que elegeram para a liderança do partido, Domingos Simões Pereira.
Nas legislativas, o PAIGC obteve maioria absoluta, com 57 deputados, mantendo o domínio do Parlamento, e o Governo liderado por Domingos Simões Pereira como Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau.
«PAIGC – unido, na disciplina e pelos ideais de Amílcar Cabral – ao serviço da paz, estabilidade e desenvolvimento económico da Guiné-Bissau», foi o lema do IX Congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, realizado em Bissau, de 31 de Janeiro a 5 de Fevereiro.
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) venceu as eleições legislativas de março de 2019, com 47 dos 102 mandatos no Parlamento.
Dedicado ao tema "Consolidação da Coesão Interna, à luz do pensamento de Amílcar Cabral, pelo resgate do poder popular e promoção do desenvolvimento", o X Congresso Ordinário foi realizado em novembro de 2022. Domingos Simões Pereira foi reeleito com 1.162 votos dos 1.268 votantes do congresso, em disputa com Octávio Lopes, que obteve 62 votos, João Bernardo Vieira, que teve 32 votos e Edson Araújo, que conseguiu quatro votos.
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