O antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes deixou a Guiné-Bissau “há muito tempo” e encontra-se agora em França, após uma tentativa de detenção, sem mandado, em novembro. Queixa-se de “perseguição política”.
“Já saí há muito tempo”, afirmou Aristides Gomes, contactado pela Lusa por telefone.
O antigo chefe do Governo regressou a Bissau em 18 de novembro para participar no congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, oposição), depois de ter abandonado o país em 2021, após ter estado refugiado na sede das Nações Unidas em Bissau desde março de 2020.
No mesmo dia, durante o congresso do PAIGC, as forças de segurança encapuzadas e fortemente armadas tentaram deter Aristides Gomes, sem um mandado, que acabou por conseguir sair do local.
Nas declarações feitas à Lusa, Aristides Gomes afirmou que está a ser alvo de “perseguição política” e denunciou o “caráter injusto da perseguição, porque não há nada na justiça”.
“Mais uma vez apresentei queixa em Bissau e outra no tribunal da CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] contra o Estado e, particularmente, contra o Presidente da República”, Umaro Sissoco Embaló, disse Aristides Gomes.
“Estado não respeita regras nenhumas”
Segundo o antigo primeiro-ministro, trata-se uma forma de “fazer face a um Estado que não respeita regras nenhumas”.
“Um regime que está a fazer um cozinhado cujo resultado será dramático para toda a gente”, salientou.
Em dezembro, os advogados de Aristides Gomes em Bissau já tinha apresentado uma queixa-crime contra o Estado da Guiné-Bissau, após as forças de segurança o terem tentado deter sem um mandado.
A queixa-crime, apresentada ao procurador da República junto do Tribunal de Relação de Bissau, “participa criminalmente contra o Estado da Guiné-Bissau, Sandji Fati, ministro do Interior, a Procuradoria-Geral da República, Bacari Biai, procurador-geral da República na altura dos factos”, três magistrados do Ministério Público e agentes do Ministério do Interior.
Por Lusa