A polícia guineense tentou deter Aristides Gomes durante o X Congresso do PAIGC, em Bissau. Longe do país desde 2021, o ex-PM teve de deixar o local da reunião por “questões de segurança”. Mas os trabalhos prosseguiram.
Os trabalhos do congresso do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) prosseguiram na sexta-feira (18.11), depois de a polícia ter tentado deter o antigo primeiro-ministro Aristides Gomes, que saiu do recinto onde decorre a reunião.
“Acabou por sair daqui uma vez que a sua própria segurança estava ameaçada. Não sabemos onde se encontra e até que ponto poderá estar em segurança”, afirmou o porta-voz do congresso, Spencer Embaló, quando questionado pela agência de notícias Lusa sobre o seu paradeiro.
A polícia da Guiné-Bissau entrou sexta-feira no recinto e na sala onde decorre o congresso do PAIGC para tentar deter o antigo primeiro-ministro Aristides Gomes, que chegou ao país para participar no congresso do partido.
“Pelo fardamento acreditamos que são forças de ordem, a maioria estava com a cara tapada, entraram violentamente na sala, também violentamente armados, sem autorização nenhuma. Isto é uma reunião política, uma atividade política que pressupõem o exercício de toda a liberdade que acreditamos que ainda existe neste país”, lamentou Spencer Embaló.
Segundo outra fonte partidária, a polícia evocou um mandado judicial emitido pelo Ministério Público, mas alguns congressistas impediram as forças de segurança de levar o antigo primeiro-ministro e militante do PAIGC.
“Não houve diálogo”
O porta-voz do congresso disse que tentaram perceber o que se passava e até que ponto podiam colaborar, mas Spencer Embaló afirmou que “não houve diálogo ou a exibição de qualquer documento”.
“Nós continuamos os nossos trabalhos, mas sem saber se seremos novamente surpreendidos por essas forças que invadiram o nosso espaço de reunião e de exercício de cidadania”, disse Spencer Embaló.
Aristides Gomes esteve cerca de um ano refugiado nas Nações Unidas, em Bissau, depois de ter sido demitido de funções pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, acabando por sair do país em fevereiro de 2021, num avião daquela organização internacional.
“O cidadão Aristides Gomes entrou pelo aeroporto à hora de almoço com a autorização das autoridades do país. Tinham todo o tempo do mundo para agir judicialmente contra ele. O que nos estranha é a invasão da reunião às 21:00 a tentar deter um dos militantes do nosso partido, em plena reunião magna. Obviamente que isso é uma agressão ao PAIGC”, afirmou.
Congresso
O congresso do partido, dedicado ao tema “Consolidação da Coesão Interna, a luz do pensamento de Amílcar Cabral, pelo resgate do poder popular e promoção do desenvolvimento”, vai decorrer até domingo.
O PAIGC deveria ter realizado o seu congresso em fevereiro, mas foi adiado devido às restrições sanitárias impostas pelo Governo para combater a pandemia da Covid-19. Também questões judiciais, algumas das quais que levaram à intervenção das forças de segurança, impediram o partido de realizar o congresso por mais três vezes.
DW / Lusa